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Na Cidade da Imaginação


Era uma vez...
Rosie, uma jovem muito atrapalhada, vivia em um mundo que só ela conhecia chamada Cidade da "Imaginação". 

Lembro-me da primeira ida há encantada Cidade. Ficar em casa sem ter nada pra fazer me deixava num tédio só. Então, comecei a folhear uns livros que contavam estórias curtas que me faziam viajar a lugares que jamais tinha visitado. 

Estava sentada no chão da varanda, o vento batia no meu rosto levantando os fios de meus cabelos. Tinha terminado de lê o livro que ganhara da minha mãe... Fiquei maravilhada com o mundo em que vivia Alice, flores falantes, coelho de relógio, gato risonho?! Definitivamente tinha que entrar num mundo desses.

Fiz uma expressão assustada, não acreditava no que acabara de pensar. Sim! Como não pensei nisso antes?!
Peguei papel, lápis e borracha. Estava pronta pra escrever a mais incrível das estórias já vistas por toda rede.

Comecei a rabiscar a folha amarela e a estória saiu assim...

__________________________________________________

Encontrava-me sobre a sombra da árvore vulcão. Sim, da árvore vulcão! Dei o nome assim que há vi. Suas folhas eram laranja ou seria amarelo queimado?!(Bem... até hoje não sei qual a diferença do laranja e desse amarelo). Isso não me importa mais. Decidi esquecer. Estava de vestido amarelo que acusava claramente meu ótimo humor. De repente ouvi vozes atrás de mim.

-Olá pipoca!  Disse três meninas em coro, logo em seguida a de rosa completou -Iremos nos apresentar. Me chamo Lola.  Deu uma rodadinha, ela bem que parecia do tipo de garota com parafuso a menos ou seria a mais? Ela mesma apresentou as irmãs na maior empolgação, sem dar chances delas se apresentarem por si só. - Esta é Luna e esta é Lia.  Apontou primeiro para a de azul e segundo para a de lilás.

Elas se enturmaram rápido e logo estavam partindo dali. As três garotas seriam a guia da "pipoca" como chamavam a Rosie. O destino seria o campo central.

Nós andamos aproximadamente oito minutos e já se encontrávamos no campo das borboletas. Lá, só havia borboletas. Tinha de todas as cores e tamanhos. A Lola me contou que elas viviam entre dois a cinco dias, dependia da alimentação.

-Oh, ela come o quê?  Perguntei com muito interesse, desde que me falara sobre as borboletas fiquei sempre querendo saber mais e mais sobre elas.

-Hum... Me da até água na boca só de pensar. Disse Lia  Fechando os olhos, imaginando sua boca cheia de... - Elas se alimentam de doces. Para se viver cinco dias precisam comer chocolate branco e preto nos três turnos. Agora, se elas comerem só pirulito, bombom, maça do amor, essas coisas, sem ingerir nada de chocolate seu fim será próximo.

As outras duas interromperam a conversa alegando que logo ficaria escuro se não continuassem o percusso. Se basearam na luz solar rumando à leste. Atravessaram todo o campo, avistando uma trilha dificultoso, pois o caminho era estreito e havia flores carnívoras do tamanho de um elefante filhote. Logo após a minha descoberta, a Luna me apresentou oficialmente a trilha, chamada de Rio das Águas Secas. Apesar de não ter mencionado o rio, este era ainda mais assustador do que as próprias flores, deve ser por isso que o nome da trilha nada tem haver com as flores. Ao olhar muito pro Rio, este o deixava confuso, tonto, fazendo seus observadores suarem frio.

Formamos uma fila indiana.  Fiquei atrás porque não sabia o caminho, Lia ao que me parecia não sabia também, ela estava atrás de mim, e confessou ter medo de seguir em frente. A Lola e a Luma estavam na minha frente, e ao contrário da Lia mostravam-se corajosas. As duas chegaram rapidinhas, estavam nesse instante parada, só esperando a nossa passagem, virei e disse:

- Acalme-se Lia. Disse ao vê-la tremer braços e pernas, que pareciam mais cordas bambas. - Dará tudo certo, confie em mim.  Peguei em sua mão tentando ajudá-la, sem bons resultados -Pensei que fosse acostumada, você mora nesse mundo. Esta trilha não é novidade pra você. Não me diga que é a primeira vez que vem aqui?

- Sim, todas as vezes que vim aqui com minhas irmãs, desisti. Choramingou -Desculpem mais vocês terão que prosseguir sem mim, prometo ficar bem. 

Assenti com a cabeça, em sinal de que entendia. Caminhei a trilha, suei frio quando tropecei numa casca de banana jogada no chão, ficando milimetro de distância da  boca de uma flor.

-Acalme-se, Rosie. Disse Luma - Não respire, deixe ela mudar a direção, aí você torna a respirar, e então, poderá levantar-se num pulo.

Fiz exatamente o que Luma tinha dito, não podia passar mais tempo ali, então, como mágica consegui correr, já que minhas pernas pareciam estar com um peso enorme. 

-Ué, cadê a Lia? Não, não precisa me responder, já sei o motivo. Entendo minha irmã, mas a solução está nela mesma. Ela tem que enfrentar seus medos ou ficará assim pra o resto da vida. Concordei com a cabeça.

Chegamos ao Rio das Águas Secas e para minha surpresa o grande perigo se fora. As flores carnívoras desapareceram como mágica. 

-O que aconteceu?  Novamente a curiosidade se estendia em minha face. - Cadê as flores? Onde estamos?

- Você é bem curiosa pipoca. Disse Lola, encantada com esse meu jeito perguntador. 

-Quando as flores chegam perto do Rio elas entraram em estado sonífero, adormecem. Por isso que não se vê ela daqui. Disse a mesma.

-Olha gente o Rio das Águas Secas. Disse a grande e ao mesmo tempo pequena observadora. Apontou pra frente, caminhando até chegar à beira do Rio. Tocou a superfície da água e qual foi sua surpresa quando sentiu a superfície sólida. 

Elas olharam sem fazer pouco caso, conheciam toda Cidade. Não demonstraram tanto interesse como eu sempre fazia ao vê, ao tocar, ao sentir.

Estava prestes a pisar na superfície da água, quando de repente, Lola puxou-me com tanta força que quase perdia meu cérebro, no movimento brusco. Fiquei com uma dor terrível na cabeça, sem falar que não entendi o motivo de tamanha violência. 

-Por que me puxou? Isso aqui doeu pra caramba. Massageei a cabeça, tentando diminuir a dor, vi tudo em dobro ao invés de um.

-As águas estão te enganando, não está vendo?! Me preocupo com você, quero seu bem.  Disse Lola convicta da resposta. -Posso te mostrar que to falando a verdade. Pegue uma folha e ponha sobre as águas. Verá que ela flutua sobre a superfície.

Olhei pra cima procurando alguma folha e vi que eram altas demais, então, procurei no chão mesmo. Vi um saco de bombom jogado no chão. Fiquei profundamente triste com o que vi. Como podia ter um saco de bombom jogado no chão, em um mundo tão diferente do meu? Cheguei a pensar  que esta cidade, por se diferente faria o meu mundo parecer esperança de um lugar limpo. Indignação era a palavra para me descrever naquele momento. Como é mais fácil mudar o mundo dos outros, viria mais tarde em buscar de mudar A Cidade da Imaginação, para mais tarde mudar o meu mundo. Acordei desse meu devaneio e perguntei a Lola:

-OMG, você tem toda razão Lola, será que poderia me dizer por que e como isso acontece?

-Muito simples. Lembrou-se que Pipoca tinha muito que aprender a respeito do modo de vida deles. – Quando você tocou na água com as pontas dos seus dedos, imediatamente eles reagiram formando uma barreira protetora, isso acontece quando os copos tem calor. Como seu dedo transmite calor, eles se defendem dessa forma.

-Noosa, muito interessante! Mais se defendem de que? Eu o não faço mal algum.

-Eles tem instintos, mesmo que você saiba que não vai fazer nada com eles, como eles vão saber?

-Nossa, você tem toda razão. Mas como vamos passar para o outro lado, se não podemos caminhar pelas água?

-Simples assim. Disse Lola, pegou areia que ficava próxima ao rio e jogou em cima da cabeça, criou-se uma asa branca e a levou ao outro lado.

Logo, fiz o mesmo. Em pouco tempo já tínhamos atravessado.  Acenei pra Luna chamando-a.

-VAAMOS LUNAA. Gritamos tão alto que minhas veias apareceram por todo pescoço.

-Desculpa mais não me sinto bem. Segurou sua barriga fazendo caretas. –Estou com dor no estômago. Em breve nos veremos.

-OH, FIQUE BOA LOGO, AMIGA. Continuei gritando pra ela ouvir. –SE CUIDA!

Subiram no balão Azul e Amarelo e logo subiram. O céu estava lindo. Durante o dia se via as estrelas, a lua e o sol. Elas olharam para baixo vendo as miniaturas da Cidade. As casas eram pequeninas vista da cima. Mas... Tinha algo maior que as casas e dava pra vê nitidamente. Uma formiga que trabalhando  no verão, levando seus alimentos para um castelo de areia. E tão belo era o castelo, dava pra abrigar um Reino inteiro.

Vê as coisas de cima me deixou super curiosa, víamos no ar o oxigênio. Ele tinha a cor rosa clarinho, os ventos deixavam eles em constante movimento, mesclava entre espiral e círculo. O que achei mais divertido foi quando pousamos o balão no bendito Jardim Central.

Era dez vezes maior que o campo das borboletas e lá tinha todos os tipos de animais que você podia imaginar. Vi um coelho não só de relógio mais que carregava uma bússola enorme e ao contrario do coelho de Alice, não tinha pressa nenhuma. Ele era até lerdo. As flores não falavam como as de Alice, mais usavam sinais, ri muito quando Lola falou com elas.

-Olá flores! Disse Luma de bem com a vida. –Que belo dia, né?

As flores olharam pra ela fixamente e começou a despedaçar.

-O que eu fiz? Sabia que não devia ter falado com elas. Não consigo compreendê-las. –Fala comigo, fala. Ai meu Deus o que eu to dizendo?! Elas não falam. Acalme-se Luma você não fez nada de errado. Ela saiu cambaleando para esconder atrás da árvore.

Nesse momento eu soube que ela mais precisava de mim e fui vê-la.

Bom, falta falar do gato. O gato era o mais engraçado, ele tinha um parafuso a mais com certeza, nem tenho duvida. Quando o olho esquerdo olhava pro lado direito o outro estava olhando pro esquerdo. Ele não falava coisa com coisa, jamais pude compreendê-lo, parecia que ele falava todas as línguas de uma só vez. Imagine espanhol, inglês, português, alemão, tupi guarani... Ia sair um trava língua e ninguém compreenderia, nem mesmo um poliglota.

Minha barriga roncava de fome e nesta Cidade só quem comia era os animais. Como as borboletas que se alimentavam de doces. Então, tive que voltar pra minha casa já estava na hora de minha mãe chegar do trabalho.

-Lola, Lola! Já estava apavorada. -Como faço pra voltar pro meu mundo?

- Muito fácil. Ela me disse com um olhar no canto do olho. –Você voltará do mesmo jeito que entrou aqui.

- Não me ajudou em nada, nem lembro como vim para aqui.

-Pensa, pensa. Tenho certeza que lembrará.

Fiquei calada tentando vasculhar na minha cabeça o momento em que chegara aqui, quando mais eu remexia minha cabeça, mais apavorada ficava por não saber da resposta logo. Foi então, que tive uma ideia, não sei se funcionaria.

Fechei os olhos imaginei minha cidade e falei o nome o mais alto que pude.

-JÁA!

Naquele instante senti um vento muito forte tão forte que não conseguia abrir os olhos, me sentia como se tivesse flutuando nos ares. Quando a ventania se fora abri os olhos e já me encontrava na varanda da minha casa. Estava deitada no chão da varanda, segurava lápis e havia caderno aberto em uma estória chamada Cidade da Imaginação.


Fim!
-Rosie*

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